
Com a chegada do mês de junho, chegam também nas plataformas de streaming mais “abertas” algumas obras destinadas ao público LGBTQ+, afinal, esse é o mês do orgulho, e essa é a forma com a qual algumas empresas decidem mostrar seu apoia à causa. E foi isso que a 20th Century Studios/Disney fez ao lançar Fire Island (que na versão em português do Brasil se chama Fire Island: Orgulho & Sedução) simultaneamente na Hulu nos Estados Unidos e na Star+ na América Latina. Veja bem, essa não é uma reclamação da minha parte, pelo contrário, quanto mais filmes de temática queer e que abracem protagonistas LGBTQIA+, melhor! Mas vale lembrar que eles são bem-vindos o ano inteiro, não é mesmo? Não só no mês de junho! E em todas as plataformas, ouviu dona Disney+?
Mas vamos falar do filme em si! Fire Island é uma comédia romântica dirigida pelo cineasta estadunidense Andrew Ahn e escrito por Joel Kim Booster, que também atua no filme, na pele do protagonista Noah. A história do filme é mais uma daquelas inspiradas no romance de 1813, Orgulho e Preconceito, da escritora inglesa Jane Austen. A trama acompanha um grupo de amigos que embarca em férias de uma semana para a famosa Fire Island, uma vila gay na costa sul de Long Island, a poucos quilômetros de Nova York. Com protagonistas asiáticos e gays, o filme foca na relação dos melhores amigos Noah (Booster) e Howie (vivido por Bowen Yang), que são muito diferentes, mesmo que compartilhem a experiência do preconceito sofrido por homens asiáticos no meio gay. Noah é mais confiante e encara o sexo como algo essencial nos relacionamentos que vive, enquanto Howie é mais sonhador e romântico, mas acaba se sentido inferiorizado por não ter o corpo perfeito.
Fire Island não é um filme burro, ele sabe do que quer falar e seu texto inclui comentários pontuais que fazem todo o sentido na hora de apontar as complexas relações de classe e de raça entre homens gays no contexto dos Estados Unidos (que, em boa parte, também se aplica ao Brasil). Ainda assim, o filme patina na hora de se aprofundar nessas críticas e acaba deixando tudo muito superficial em troca de uma simples história romântica bobinha. Honestamente, fosse esse filme protagonizado por heterossexuais brancos, eu teria detestado, principalmente porque ele não acrescenta nada de novo à já desgastada história de Jane Austen, porque algumas das conclusões são patéticas e também porque as performances dos atores deixam a desejar. Outro problema é o fato de que mesmo muitas das pessoas supostamente “não atraentes” no contexto do filme, são na verdade atraentes demais para que passem a ideia de que elas sejam excluídos do meio gay, os outros personagens que realmente fogem do padrão de beleza nem recebem uma tentativa de romance na história. Mas ei, gays também merecem uma comédia romântica rasa que tenta abordar questões sociais (mas não muito), certo? Direitos iguais! Mas com toda a seriedade, tenho certeza que todas as pessoas envolvidas nesse filme tem o potencial de fazer algo muito melhor! E ainda, para aqueles que procuram um filminho bobo de romance, talvez essa seja a pedida.
Nota 6.
No momento da publicação deste artigo, Fire Island está disponível nas plataformas na Star+ do Brasil. Se você se interessou por essa obra e quer conhecer mais sobre ela, incluindo outras opiniões, abaixo você encontra o link para o Letterboxd e para o TvTime, que são redes sociais de pessoas que comentam todas as obras do mundo do cinema e da televisão. Além disso, já que os filmes e as séries estão sempre mudando de streaming, você pode visitar o JustWatch, uma ferramenta que mostra a disponibilidade de filmes e séries em todas as plataformas de diversos países, para conferir de forma atualizada onde assisti-los! 🎥
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