PASSING – 2021

O mais novo filme da Netflix, Passing (que em português leva o título de Identidade) é o longa-metragem de estreia da aclamada atriz Rebecca Hall – que também protagonizou o excelente filme The Night House, lançado alguns meses atrás. Agora por trás das câmeras, Hall ataca como diretora e roteirista desse ótimo filme baseado no livro homônimo da autora Nella Larsen, de 1929. Inspirada na história do seu avô, um homem negro de pele clara que por boa parte da sua vida se “passou” por branco, Hall decidiu adaptar a obra que acontece nos anos 20 e conta a história de duas mulheres, Irene (vivida por uma esplêndida Tessa Thompson) e Clare (interpretada por uma extraordinária Ruth Negga). As duas são amigas que passaram anos de suas vidas afastadas, ambas negras com tons de pele claros, e, ao se reencontrarem por acaso, descobrem que seguram caminhos bastante distintos na vida. Irene se casou um um médico e tem dois filhos, todos negros cujos tons de pele são mais escuros que o dela, e a família vive no Harlem, um tradicional bairro de origem africana de Nova York. Já Clare se mudou para Chicago onde casou-se com um homem branco, teve uma filha, também branca, e vive a própria vida como uma mulher branca. Esse encontro vai fazer com que ambas as mulheres questionem suas escolhas de vida e façam reflexões sobre suas identidades.

Passing é um filme complexo que aborda temas relevantes e bastante difíceis de forma respeitosa e eficaz. Os grandes destaques são as duas atrizes principais, que estão incríveis do começo ao fim da história. É possível enxergar a complexidade das vidas das personagens nos olhares de Thompson e Negga, que merecem reconhecimentos nessa temporada de premiações que se inicia. Outro nome que não deveria ser esquecido é o de Rebecca Hall, que prova ser competente tanto na frente quanto atrás das câmeras. As escolhas da diretora funcionam muito bem e o filme conta com ótimos elementos técnicos que incluem o trabalho de câmera, o cenário e principalmente o inteligente uso do preto e branco, que deixa o tema da questão racial ainda mais evidenciado. Passing faz um ótimo trabalho também no debate sobre identidade, pertencimento e a estratégia de se passar por uma raça ou etnia diferente no contexto dos Estados Unidos dos anos 20, algo que nos faz parar para pensar sobre isso atualmente e em outros contextos, como o do Brasil (que é inclusive citado na obra). Ou ainda, sobre como outras minorias usam esse recurso, como a comunidade LGBTQs, algo que pode ser até mesmo apontado no filme através de uma leitura mais atenta. Por tudo isso, mesmo com uma conclusão um pouco limitada, Passing é certamente um dos melhores originais Netflix do ano e merece ser apreciado por todos que procuram uma história que nos faz rever nossa visão de mundo!

Nota 9!

No momento da publicação deste artigo, Passing está disponível para streaming na Netflix. Se você se interessou pelo filme e quer conhecer mais sobre ele, incluindo outras opiniões, abaixo você encontra o link para o Letterboxd, uma rede social de pessoas que comentam todas as obras do mundo do cinema. Além disso, você pode clicar em JustWatch, uma ferramenta que mostra a disponibilidade de filmes e séries em todas as plataformas de diversos países para conferir de forma atualizada onde assisti-los!


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