Um filme espetacular, Nine Days (que em português recebe o título do Nove Dias) é uma incrível mistura de drama e fantasia com alguns elementos de ficção científica dirigida e escrita pelo diretor brasileiro radicado nos Estados Unidos, Edson Oda. Lançado no Festival de Sundance de janeiro de 2020, o filme teve sua estreia nos cinemas adiada devido à pandemia de covid-19 e acabou chegando às salas de cinema dos Estados Unidos nos últimos meses, enquanto no Brasil, o filme foi exibido recentemente na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Antes de tudo, eu diria que Nine Days é aquele filme melhor aproveitado quando é assistido sem nenhuma informação prévia, sem assistir trailer e sem ler sinopse, por isso indico que você já pule para o próximo parágrafo. Agora, se a sua curiosidade fala mais algo, segue o resumo do enredo: o filme conta a história de Will (vivido pelo fenomenal Winston Duke), uma espécie de árbitro que vive isolado num deserto e que julga as almas com a intenção de escolher qual delas terá a chance de nascer na forma humana. Dessa vez, Will recebe novos candidatos enquanto ainda está abalado com a informação de que uma nova vaga foi aberta. E vai ser nesse processo seletivo criterioso e surpreendente que ele terá que lidar com seus maiores medos e superar traumas do passado.
Eu assisti Nine Days há alguns dias e é frequente voltar a pensar nessa história tão linda e contada de forma tão majestosa pelo talentoso Edson Oda. Inclusive, quando eu soube da existência do filme, fui correndo assistir os curtas do cineasta (que estão disponíveis no YouTube) e já me apaixonei pelo seu trabalho. Não exagero ao dizer que algumas das cenas do filme se tornaram sequências que levarei para sempre como exemplos do cinema no seu auge, em especial a passagem que toca a encantadora música “Eu Na Rua”. É um daqueles filmes que fazem você repensar sobre tudo, sobre a vida a sua finitude, sobre nossos objetivos e nossos sonhos, e inclusive sobre como o cinema é capaz de trazer mensagens tão profundas de forma tão especial. É uma obra única e inesquecível, em grande parte pela premissa original e pelas decisões criativas ao longo do seu desenvolvimento, bem como pelo texto delicado e impactante ao mesmo tempo. Ele me lembrou inclusive um dos curtas mais emocionantes que já assisti, o lindo I Am Easy To Find, dirigido pelo fabuloso Mike Mills e baseado na obra da banda The National.
A fotografia merece destaque, juntamente com a trilha sonora perfeita do compositor brasileiro, Antonio Pinto (famoso pelas trilhas inesquecíveis de Central do Brasil, Cidade de Deus e do documentário Amy). Música, por sinal, é uma grande parte da história do filme e o músico brasileiro consegue já nos primeiros segundos estabelecer uma atmosfera digna do além-mundo onde se passa Nine Days. Soma-se a isso as incríveis atuações do protagonista Winston Duke e dos excelentes coadjuvantes, sobretudo Zazie Beetz, Benedict Wong e Arianna Ortiz, todos eles vivendo personagens delicados, com quem nos identificamos facilmente. O filme transforma fantasia em realidade, uma realidade que, mesmo dura, é capaz de acalentar os corações mais inquietos, principalmente em tempos tão difíceis como os atuais. E assim, saímos dessa experiência transformados e com a certeza que de Edson Oda será um dos grandes nomes do cinema dos nossos tempos.
Nota 10!
No momento da publicação deste artigo, Nine Days ainda não está disponível nas plataformas oficiais de streaming ou de aluguel do Brasil. Se você se interessou pelo filme e quer conhecer mais sobre ele, incluindo outras opiniões, abaixo você encontra o link para o Letterboxd, uma rede social de pessoas que comentam todas as obras do mundo do cinema. Além disso, você pode clicar em JustWatch, uma ferramenta que mostra a disponibilidade de filmes e séries em todas as plataformas de diversos países para conferir de forma atualizada onde assisti-los!
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