THE WORLD TO COME – 2020

Esse belo romance de época dirigido por Mona Fastvold tem o roteiro assinado por Ron Hansen e Jim Shepard, e é baseado numa história previamente escrita por Shepard. The World to Come (que em português ganha o título de Um Fascinante Mundo Novo) nos transporta para os Estados Unidos de 1856, no pequeno condado de Schoharie, onde Abigail (interpretada por uma excelente Katherine Waterston) vive numa área rural com seu marado, Dyer (vivido por Casey Affleck, que também é produtor do filme). Suas vidas tranquilas e isoladas na fazenda são abaladas pela morte da jovem filha do casal, Nellie, ainda muito criança, e isso faz com que o eles se afastem ainda mais. Contudo, o clima de infelicidade na vida de Abigail muda com a chegada de um novo casal numa fazenda vizinha, Tallie (vivida por uma incrível Vanessa Kirby) e Finney (interpretado por um sempre eficiente Christopher Abbott). Abigail e Tallie se aproximam e rapidamente criam uma forte amizade que começa a despertar os ciúmes de seus respectivos maridos.

The World to Come é um filme lindo em vários sentidos. Visualmente, ele é estonteante, com ótimos figurinos e um design de produção de nos faz viajar no tempo. A premissa é simples, mas bonita, a mensagem é realmente relevante e o tom é intenso. Tudo isso para nos contar uma história que tinha tudo pra dar certo, mas ainda assim, fica aquém do esperado. Ao meu ver, o maiores problemas do filme são os diálogos. O texto dos roteiristas é incrivelmente rebuscado e a impressão que temos é de que aquelas personagens simples trabalhando em fazendas no meio do nada são todas grandes poetas e escritores com vocabulários ricos, o que faz com o que o filme perca muito da autenticidade necessária numa obra de época. Da mesma forma, o filme pesa nos diálogos e nas cenas do cotidiano e mostra pouco sobre o tema central da narrativa: a história de um amor proibido entre duas mulheres. Os atores, todos muito bons, fazem o possível com o que lhes é fornecido, principalmente Kirby e Waterston, que quando juntas, entregam um espetáculo que faz The World to Come valer a pena.

O filme vai lembrar outras histórias de amor entre mulheres que se passam no passado, como os recentes Ammonite e Retrato de uma Jovem em Chamas, embora não seja tão eficaz quanto eles. Eu sinto que muitos dos problemas de texto de The World to Come também tem a ver com o fato de que o filme é praticamente todo escrito, dirigido e atuado por pessoas heterossexuais. Já trouxe esse assunto aqui no site anteriormente, de como é necessário trazer histórias LGBTQIA+ paras as telas do cinema e da TV, mas também de como é fundamental que essas histórias, em algum momento, tenham a participação de pessoas queer. Por isso a minha impressão é de que, além do texto que não encaixa no contexto, o filme peca pela ausência de uma legitimidade que poderia existir em qualquer nível, desde às atuações até a direção, mas ela simplesmente não está lá.

Nota 6!

The World to Come está disponível para streaming no Now ou de aluguel na Claro Video, no Google Play e na Microsoft Store.


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