La noire de…, também encontrado com o título em inglês de Black Girl, é um filme dramático francês-senegalês de 1966, escrito e dirigido por Ousmane Sembène em sua estreia na direção. É baseado em um conto do livro Voltaique de 1962, de Sembène, que por sua vez foi inspirado em um incidente da vida real. La noire de… é estrelado por Mbissine Thérèse Diop como Diouana, uma jovem senegalesa que se muda de Dakar, Senegal, para Antibes, na costa sul da França, para trabalhar para um casal francês. Na Europa, Diouana espera continuar seu antigo trabalho como babá e antecipa um novo estilo de vida cosmopolita. No entanto, ao chegar em Antibes, Diouana sofre um tratamento severo do casal, que a força a trabalhar como empregada doméstica e cozinheira. Ela fica cada vez mais consciente de sua situação restrita e alienada e começa a questionar sua vida na França. La noire de… é frequentemente considerado o primeiro filme subsaariano africano por um cineasta africano a receber atenção internacional. Embora tenha sido mal recebido pelos críticos ocidentais de cinema em seu lançamento inicial, na década de 2010 passou a ser visto como um clássico do cinema mundial, como realmente merece.
La noire de… é incrivelmente poderoso e é uma reflexão emocionalmente intensa sobre as experiências das mulheres africanas que emigraram para a Europa em busca de uma vida melhor. Mbissine Thérèse Diop, que interpreta Diouana, é excepcional, transmitindo uma mistura de tristeza e determinação em sua performance que é de partir o coração. Um marco importante na história do cinema africano como uma obra que expõe a exploração e a desumanização de trabalhadores africanas pelo Ocidente, o curto filme deixa claro já nos primeiros minutos que a vida de Diouana na França está prestes a mudar, mas não da forma que a protagonista imagina. A falta de liberdade e o péssimo tratamento que recebe da família branca europeia a leva a questionar seu lugar no novo país. Embora tenha sido produzido e lançado em 1966, La noire de… continua a ser relevante e ressoar nos dias de hoje, especialmente em um contexto de debates em torno da representação das minorias étnicas e raciais no cinema e num contexto onde a imigração africana rumo à Europa continua dominando os noticiários. O filme, um claro exemplo de estudo pós-colonial das relações entre africanos e europeus, se tornou uma referência importante para os cineastas africanos e para aqueles que buscam dar voz aos marginalizados e aos oprimidos.
Nota 9.
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